segunda-feira, 28 de março de 2011

Livre-Arbítrio e Singularidade

Estamos numa constante busca da felicidade e esta está ligada diretamente com nossa capacidade de realização. Realização essa que nos parece tão singular, mas que em sua integralidade, não passa de uma mentira generalizada. Estamos constantemente sendo bombardeados por uma “hipocrisia do bem-estar”, que a todo instante molda novos parâmetros de realização e massificam o desejo. Queremos um carro, uma casa, família, sucesso profissional etc. Tornando a vida uma incessante corrida por reconhecimento. E quanto mais o buscamos, mais nos afundamos sem precedentes na insatisfação. Podemos inferir que a busca por reconhecimento é universal e necessária, mesmo que esta se apresente de outras formas.
Considerando apenas nossa sociedade, capitalista, vemos que o ápice da vida é conquistar. Então nossa felicidade passa a ser medida pelo nosso poder de compra. Nesse caso, o livre-arbítrio não nos dá singularidade e nossas atitudes passam a ser meras representações, que integra-nos a um meio social.
Embora sejam bem articuladas as nossas decisões, elas não caracterizam uma vontade singular, mas sim uma vontade da massa. Pois em nossa criação como indivíduos, somos condicionados com ações perfeitamente limitadas. Portanto, apesar de pensarmos sermos dotados de livre-arbítrio, esse, só se limita as micro decisões, enquanto que as macro já estão pré-estabelecidas. No entanto, vivemos num âmbito de sociedade e torna-se impossível sermos alheios as regras por ela impostas. Buscamos uma inalcançável satisfação de consumo.
Contudo, a questão aqui, não é nos desvincularmos desse contexto, pois a quebra dele só traria a tona outro de igual importância, mas sim entendermos que “o desejo da massa pode vir a ser o desejo de ninguém”.
Reconhecermos que o sistema pondera significativamente em nossas vidas, não nos torna aquém dele. Compreendendo isso, percebemos que todo ciclo social é necessário e que o livre-arbítrio só poderia advir do distanciamento do social ou da loucura.

2 comentários:

  1. É, apesar de sermos condicionados, somos ativos e entender o mecanismo social, econômico, comporatmental ajuda-nos a decidir melhor quais ações podem nos prejudicar no futuro e se vale a pena emitir determinados comportamentos ou não.

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  2. a sociedade tem grande peso nas nossas decisões, mas não podemos lavar as mãos e dizer que a culpa é da circunstância, porque por mais "micro" que seja sua decisão, ela também pode mudar o ambiente "macro".

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