sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Coisas de Amor

Se pudesse dizer o quanto gosto dela, talvez, agora não estaria sendo sincero o bastante. Essa é uma, das muitas contradições, que acontecem quando se tenta definir esse conglomerado de sensações que volta e meia, chamamos de amor. Que tal como a liberdade, todos entendem, mas ninguém explica. De quando em quando, somos tomados por uma irresistível e involuntária vontade de rir, um riso que não se basta no rosto e dizer ao mundo que não existi alguém mais feliz. Às vezes nos perguntamos se não foi apenas um sonho e se a loucura não nos acertou em cheio, mas amar é estar em parte louco, em parte bobo, em parte consagrado. É ver num sorriso ou num afago, o presente mais esperado. É não saber a diferença entre estar dormindo ou acordado, é ser um pouco exagerado e nunca acomodado. É preciso ter zelo e ser atento, como disse Vinícius de Moraes. Ser constante e às vezes distante, porque um pouquinho de saudade é sempre bom matar. E é indispensável dizer: eu te amo...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Valores, Doutrinas e Dogmas

Quanto mais nos aprofundamos na natureza intrínseca do ser humano, notamos que, segundo Bauman, tudo que acreditávamos até então ser sólido, se desmancha em uma sociedade líquida. Os valores antes enraizados sofrem hoje terrível declínio. Vivemos a sociedade da dúvida, da profunda especulação, do desespero e da preocupação. Acreditamos na ciência como cura de nossas angustias.
Como concluiu Nietzsche “Deus está morto!”, não pondera mais em nossas vidas e nos tornamos uma sociedade hipócrita, de modo que, muito se fala sobre Deus e pouco se vive dele. “Todas nossas relações resumem-se em relações monetárias” (MARX, 1848). O dinheiro tornou-se fator preponderante para satisfação e felicidade, embora esse conceito seja ilusório. Estamos cada vez mais nos deparando com uma sociedade sem sentido e a grande sacada desta, sempre foi alienar-se de tais reflexões. Deus não é o ópio da sociedade, mais sim a salvação do niilismo de Schopenhauer.
Quando pensamos em valores morais e éticos, pensamos em regras imutáveis, no entanto, vemos que elas são constantemente alteradas de acordo com as nossas convencionalidades. Então, onde está a verdade, em que acreditar? Deus, como verdade absoluta, não nos serve mais.
Os discursos de fé, amor, família, foram todos desmantelados, tornaram-se vazios e por quê? Fragmentamos demais um mundo antes cristalizado e esquecendo-nos do caminho de volta, nos perdemos. Buscamos na ciência e tecnologia, felicidade estável e tangível, voamos na direção contrária, nos esquecemos das doutrinas e dos dogmas, perdemos o norte e agora temos dúvida, preocupações em excesso e um medo cravado na incerteza. Entretanto, não é possível restabelecermos os velhos conceitos, a sociedade clama por salvação, que não mais provenha do divino, mas que seja palpável. Novos valores serão instituídos diante à certeza, pois necessitamos bem mais do que apenas efeito placebo.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Livre-Arbítrio e Singularidade

Estamos numa constante busca da felicidade e esta está ligada diretamente com nossa capacidade de realização. Realização essa que nos parece tão singular, mas que em sua integralidade, não passa de uma mentira generalizada. Estamos constantemente sendo bombardeados por uma “hipocrisia do bem-estar”, que a todo instante molda novos parâmetros de realização e massificam o desejo. Queremos um carro, uma casa, família, sucesso profissional etc. Tornando a vida uma incessante corrida por reconhecimento. E quanto mais o buscamos, mais nos afundamos sem precedentes na insatisfação. Podemos inferir que a busca por reconhecimento é universal e necessária, mesmo que esta se apresente de outras formas.
Considerando apenas nossa sociedade, capitalista, vemos que o ápice da vida é conquistar. Então nossa felicidade passa a ser medida pelo nosso poder de compra. Nesse caso, o livre-arbítrio não nos dá singularidade e nossas atitudes passam a ser meras representações, que integra-nos a um meio social.
Embora sejam bem articuladas as nossas decisões, elas não caracterizam uma vontade singular, mas sim uma vontade da massa. Pois em nossa criação como indivíduos, somos condicionados com ações perfeitamente limitadas. Portanto, apesar de pensarmos sermos dotados de livre-arbítrio, esse, só se limita as micro decisões, enquanto que as macro já estão pré-estabelecidas. No entanto, vivemos num âmbito de sociedade e torna-se impossível sermos alheios as regras por ela impostas. Buscamos uma inalcançável satisfação de consumo.
Contudo, a questão aqui, não é nos desvincularmos desse contexto, pois a quebra dele só traria a tona outro de igual importância, mas sim entendermos que “o desejo da massa pode vir a ser o desejo de ninguém”.
Reconhecermos que o sistema pondera significativamente em nossas vidas, não nos torna aquém dele. Compreendendo isso, percebemos que todo ciclo social é necessário e que o livre-arbítrio só poderia advir do distanciamento do social ou da loucura.

sexta-feira, 25 de março de 2011

quarta-feira, 2 de março de 2011

O sopro do recomeço

Me abro, me mostro, me quebro
Me amedronta o que não conheço
Com o eterno retorno, tem o eterno erro
Me aparece a imagem do eterno desespero

O máximo prazer, pro máximo desprazer
Pra não senti-lo, melhor não tocar, não ver
Só Nietzsche pra explicar esse jeito de viver.

Só o que é íntimo me define
Só o que escondo me revela
Só o paradoxo que explica,
A hipocrisia, a poesia sincera.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Homunculus

Por de traz do retrato
Um homunculus guardado
Bem de traz do retrato.

E o monstro ri!
E o monstro sorri!

Por de traz do retrato
Eu sei que está guardado
Incapaz de expulsá-lo.

E o monstro sorri!
E o monstro ri!
Por de traz do retrato.