segunda-feira, 4 de abril de 2011

Valores, Doutrinas e Dogmas

Quanto mais nos aprofundamos na natureza intrínseca do ser humano, notamos que, segundo Bauman, tudo que acreditávamos até então ser sólido, se desmancha em uma sociedade líquida. Os valores antes enraizados sofrem hoje terrível declínio. Vivemos a sociedade da dúvida, da profunda especulação, do desespero e da preocupação. Acreditamos na ciência como cura de nossas angustias.
Como concluiu Nietzsche “Deus está morto!”, não pondera mais em nossas vidas e nos tornamos uma sociedade hipócrita, de modo que, muito se fala sobre Deus e pouco se vive dele. “Todas nossas relações resumem-se em relações monetárias” (MARX, 1848). O dinheiro tornou-se fator preponderante para satisfação e felicidade, embora esse conceito seja ilusório. Estamos cada vez mais nos deparando com uma sociedade sem sentido e a grande sacada desta, sempre foi alienar-se de tais reflexões. Deus não é o ópio da sociedade, mais sim a salvação do niilismo de Schopenhauer.
Quando pensamos em valores morais e éticos, pensamos em regras imutáveis, no entanto, vemos que elas são constantemente alteradas de acordo com as nossas convencionalidades. Então, onde está a verdade, em que acreditar? Deus, como verdade absoluta, não nos serve mais.
Os discursos de fé, amor, família, foram todos desmantelados, tornaram-se vazios e por quê? Fragmentamos demais um mundo antes cristalizado e esquecendo-nos do caminho de volta, nos perdemos. Buscamos na ciência e tecnologia, felicidade estável e tangível, voamos na direção contrária, nos esquecemos das doutrinas e dos dogmas, perdemos o norte e agora temos dúvida, preocupações em excesso e um medo cravado na incerteza. Entretanto, não é possível restabelecermos os velhos conceitos, a sociedade clama por salvação, que não mais provenha do divino, mas que seja palpável. Novos valores serão instituídos diante à certeza, pois necessitamos bem mais do que apenas efeito placebo.

2 comentários:

  1. Eu acho tudo isso ótimo. Fundemos a nova religião, cujo único paradigma seja a dúvida. Chegou a hora e a vez do ceticismo.

    ResponderExcluir
  2. Nós, ateus, estamos dando as caras. Isso é demais!

    ResponderExcluir